Menina morta pela mãe em Caxias disse ao pai "tenho muito medo"
CM - 05-01-2017
Separados desde 2015, Nelson Ramos e Sónia Lima não se entendiam quanto ao regime de visitas do pai às duas filhas - Samira, de 4 anos, e Viviane, de 19 meses. Sónia acusava o ex-companheiro de pedofilia. "Ela começou a dizer que eu dava beijos às minhas filhas e que era um pedófilo. Tudo do nada", contou ontem Nélson Ramos, no Tribunal de Cascais, onde Sónia é julgada por ter matado as filhas na praia de Caxias, a 15 de fevereiro de 2016.
"Ela ficou agressiva, paranoica, não me deixava brincar com as minhas meninas, eu não lhes podia pegar ao colo, e pedia aos pais para me vigiarem", contou o pai das meninas. Sónia Lima chegou a apresentar a PJ queixa por abusos sexuais, um processo que acabou arquivado depois de terem sido anexados vários relatórios médicos que desmentiam as acusações da mãe.
Nélson Ramos garantiu que tentou chegar a um acordo. "Propus que as meninas pudessem ficar com ela mas pelo menos de 15 em 15 dias passavam os fins de semana comigo." Mas Sónia Lima foi clara. "Eu só assino um documento com uma arma apontada à cabeça", disse-lhe, na altura, a mulher de 37 anos.
A 6 de fevereiro, uma semana antes da morte das crianças, Nélson Ramos viu as filhas pela última vez. A ex-mulher estava pálida, visivelmente mais magra, deprimida. E Samira pediu ajuda ao pai. "Ela disse-me: ‘Pai, tenho muito medo." Sem conseguir controlar as lágrimas, Nelson diz que foi nesse dia que contactou um advogado e queria pedir a guarda das menores. Nesse dia, Nelson Ramos tinha até levado uns presentes para as filhas, para o Carnaval, mas Sónia Lima atirou tudo para o lixo, em frente às crianças.
Até que, na noite de 15 de fevereiro, Sónia Lima pegou nas duas filhas e levou-as de carro até à praia de Caxias, em Oeiras, onde as atirou ao rio Tejo. Gritavam por socorro. Quanto à mãe, foi resgatada por um motorista de táxi.